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APIs, a nova modelo económico das TIC
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A Economia das API

A Economia não é mais do que a forma como as sociedades utilizam os recursos para produzir bens com valor e como é feita a distribuição desses bens entre os indivíduos. Nos primórdios da sociedade não existia o conceito de economia, mas antes de posse. Com a perceção de que todos os recursos eram finitos e limitados, e que não seria possível todos possuírem tudo, emergiu o conceito de Economia.
 
Os processos de troca e o estabelecimento da moeda como meio de troca são conhecidos de todos, mas de quando em vez, as regras da economia e as ‘moedas’ alteram-se, gerando mudanças no panorama económico e na relação entre produtores e consumidores de recursos. Quando falamos da Economia das APIs, o recurso crítico em causa é software e mede-se em funcionalidades, ou seja, naquilo que o software é capaz de fazer.
 
Nos primórdios do software imperavam os sistemas monolíticos, em que num único sistema formado por hardware e software o mesmo produtor colocava à disposição dos seus clientes todas as funcionalidades que conseguia. Com o passar do tempo, esta abordagem viria a revelar-se muito cara, para além de deficitária. É que nenhum produtor de software, por melhor que fosse, conseguia fornecer todas as funcionalidades a um preço apetecível. Num segundo momento, quando apareceram os PCs e o Windows, emergiram múltiplos produtores e com eles uma abordagem modular em que a unidade passou a ser a aplicação. Neste mundo de software local, a ‘cola’ entre as várias peças que compunham os sistemas de informação passou a ser o Sistema Operativo e componentes ‘locais’ de integração.
Mas eis que um novo paradigma surge com o aparecimento da internet. A Cloud, a mobilidade e a realidade multidispositivo fazem com que uma nova ordem surja, com as Apps a dominarem como unidade funcional. 
 

Internet: o Big Bang das APIs

 
A principal diferença para o estágio anterior é que agora o espaço não é um computador, nem uma rede local, mas TODA a Internet, ou seja, todos os computadores ligados à Internet. É aqui que entra o conceito de API: estamos a falar de uma interface (uma espécie de ficha elétrica universal, fazendo uma analogia com a rede elétrica) que todas as aplicações de software podem incluir para ligar a outras aplicações através da internet. Na verdade, esta interface é, muitas vezes, muito mais do que essa ficha: estamos a falar do próprio software, ‘despido’ da sua interface com o utilizador e dotado de uma outra interface, a API, que é válida para trocar dados com outras aplicações.
 
Ou seja, as APIs são como as interfaces de utilizador, mas para utilizadores diferentes, os programadores. Esta nova era trouxe consigo uma outra mudança fundamental no software: estamos numa era de self-service, em que a tendência é criar experiências de utilização cada vez mais intuitivas e independentes, de forma a que os próprios utilizadores possam instalar, configurar e, porque não, também estender as suas próprias soluções. Isto é válido para as Apps no telemóvel e no tablet, mas a tendência é que passe a ser também uma prática no PC e em sistemas mais complexos como no smartwatch, na smart TV, no carro e futuramente no frigorífico e na máquina de lavar dos utilizadores. Sim, porque cada vez mais o software ‘existe’ na nuvem e não para um dispositivo concreto. 
 

A era das plataformas de integração as a Service

 
Nesta era dos utilizadores ‘autodeterminados’, era urgente o aparecimento de algo que os habilitasse a usar esta nova ‘língua franca’ do mundo do software, as APIs, mesmo não tendo conhecimentos de programação. Para isso mesmo têm vindo a surgir uma série de plataformas de integração as a Service, em que o objetivo é fornecer as ‘fichas universais’ que permitam aos utilizadores finais ligar quaisquer duas APIs, desde que isso faça sentido, sem programar. Nomes como TIBCO, Zapier, Workato ou IFTTT são exemplos de plataformas que requerem pouco ou quase nenhum conhecimento para integrar aplicações pré-registadas nessas plataformas.
 

As possibilidades ilimitadas da Economia das APIs

 
Apesar de tudo o que é visível, uma enorme lista de APIs que cresce diariamente e oferece cada vez mais e melhores serviços, é importante dizer que o que vemos é apenas a ‘ponta do iceberg’: isto é, existem inúmeras APIs que não conhecemos, mas que estão disponíveis na Internet e existem outras, que são APIs privadas, que vivem em redes corporativas de empresas que seguem estas metodologias de desenvolvimento e que, a qualquer momento, as podem tornar públicas, em parte ou na sua totalidade. Por outro lado, também ao nível das APIs, entramos na era da especialização e setorização: cada vez mais existem soluções e serviços de nicho que se materializam em APIs e permitem tratar problemas em áreas como, por exemplo, a domótica, a contabilidade, as cidades inteligentes ou a gestão de laboratórios, que têm, por um lado, interesse para um grupo restrito de indivíduos ou de profissionais, mas por outro, implementam um nível complexo de competências ou de funcionalidades.
 
A ‘cauda longa’ da internet manifesta-se aqui, na medida em que se, numa escala local ou mesmo nacional da economia, alguns desses serviços não têm grande relevância económica, globalmente essas APIs, e os serviços que elas implementam, poderão representar um volume de negócio significativo.
APIs, o alicerce da transformação digital
 
Os principais drivers desta nova economia das APIs são, portanto, a capacidade de reutilização do software construído seguindo esta ‘filosofia’ e a capacidade de tirar partido do enorme manancial de dados das plataformas e da internet para criar aceleração, automatismos e serviços mais eficazes, mais rápidos, mais baratos e que aprendem e evoluem por si. Na prática, estas são as bases para a transformação digital, de que tanto se fala hoje.
 
A execução de determinadas funcionalidades - sejam elas o resultado de uma consulta a uma base de dados, uma funcionalidade interativa como um mapa, ou um serviço mais complexo disponível via API - altera drasticamente o modo como a tecnologia e as funcionalidades do software podem ser entregues ao mercado. Na prática, esses serviços substituem outros e isso altera a forma como é feita a distribuição de ‘bens’ (e do valor correspondente) pelos indivíduos e pelas organizações que os utilizam e os produzem.
Isso reflete-se nas margens (e no retorno do investimento) das empresas ou entidades que optam por esta estratégia de crescimento e evolução dos seus sistemas de informação já que, cada vez mais, os recursos e a informação críticos para o negócio estão fora das paredes das organizações.  Isto é nada mais nada menos do que a Nova Economia (das APIs) a funcionar.
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