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Web-Summit-2019
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Web Summit 2019: tendências, preocupações e mensagem

 
Quais os temas que mais importam aos maiores protagonistas do setor das Tecnologias de Informação, atualmente? Quais os avanços tecnológicos em curso? Qual será o impacto da tecnologia na vida de todos nós? Estas são algumas das questões mais debatidas na Web Summit de 2019.


A questão dos Dados

No final da tarde do dia de abertura da Web Summit 2019, a vídeo conferência de Edward Snowden produziu uma das mais ovacionadas intervenções do evento:
 
"Não são os dados que são explorados, são as pessoas que são exploradas!”

A preocupação com a forma como as redes sociais usam os nossos dados esteve bastante presente nos discursos de vários oradores.
"Pode alguma coisa ainda ser privada?” - Foi a pergunta que serviu de mote para a conversa entre Brittany Kaiser (Co-fundador, Own Your Data Foundation) e David Chaum (Fundador e CEO, Elixxir), na área temática "Future Societies”.

A verdade é que quem já partilhou os seus dados nas redes sociais, jamais conseguirá que eles sejam removidos. Provavelmente já estão distribuídos por muitas bases de dados transacionadas por todo o mundo. Para o futuro, segundo estes oradores, devemos trabalhar na divulgação dos direitos dos cidadãos e desenvolver ferramentas que ajudem a proteger os dados de todos.


As tecnológicas dos serviços financeiros – Fintech

As fintech, tecnológicas do ramo financeiro, tiveram grande destaque na Web Summit 2019.
 
O centro nevrálgico da inovação neste ramo é, segundo Nikolay Storonsky, fundador da Revolut, o Reino Unido. Um mercado onde há um conhecimento profundo dos serviços financeiros - anos à frente do resto do mundo - possibilitou o aparecimento de novos projetos que desafiaram a forma tradicional de operar nos serviços financeiros.

Para além de Nikolay, também Zach Perret (CEO, Plaid) e Anne Boden (CEO, Starling Bank), afirmaram que os bancos tradicionais terão dificuldade em acompanhar o ritmo de inovação das fintech, suas concorrentes. "Daqui a dois anos provavelmente estarão onde estamos hoje, mas nessa altura continuaremos dois anos à frente”, salientou Boden.

Por outro lado, uma questão proveniente do público colocou no centro da discussão a possibilidade de aquisição das fintech pelos grandes bancos. A resposta foi pronta. Todos os intervenientes concordam que a filosofia de inovação que caracteriza as fintech seria posta em causa dentro de estruturas com normas e processos internos demasiado rígidos, como é o caso dos bancos tradicionais e, como tal, essa não é uma possibilidade.


"Encontrar novas formas de receber pagamentos”

Taavet Hinrikus (co-fundador e chairman, TransferWise) e Hiroki Takeuchi (CEO, GoCardless) debateram o tema "Encontrar novas formas de receber pagamentos”, nesta edição de 2019, da Web Summit.

Na perspetiva dos oradores, os bancos continuam a atuar de forma tradicional e continuam a cobrar taxas abusivas, sobretudo em cobranças internacionais. Através dos serviços das fintech, passa a ser consideravelmente mais simples e económico receber "além-fronteiras”. Os pagamentos são realizados na conta bancária do cliente final por transferência bancária local ou débito direto.


Para lá da conversão

Na Web Summit 2019, falou-se do crescendo do modelo de subscrição.
 
Segundo Des Traynor (Intercom), estamos na Era de "qualquer coisa como um serviço”, desde a entrega de escovas de dentes, vestuário, cosméticos, até alimentos, tudo entregue em nossas casas com periodicidade mensal.
 
O mundo inteiro está a perceber que "se pensarmos num qualquer produto, não importa o quão estranho, alguém, algures, vai disponibilizar um serviço para o entregar mensalmente”.

As vantagens são tremendas quando as pessoas passam a ser fiéis a uma marca. Desde logo, as receitas passam a ser muito mais previsíveis e os processos de venda deixam de ser excessivamente complexos para passar a ser triviais ou mesmo inexistentes.
 
O marketing deixa de estar focado na conversação de possíveis clientes para colocar em foco a satisfação do cliente, ou seja, as equipas de marketing passam a trabalhar de forma a garantir uma experiência agradável ao consumidor ou ao utilizador do produto ou serviço. Neste mundo assente no negócio da subscrição "a retenção é mais importante que a conversão”.

Assim, segundo o exposto, novas estratégias de relacionamento com clientes começam a redefinir os modelos de negócio. Barbara M. Coppola, CDO da IKEA, desafia-nos a ir além do "customer centricity”. Como ela explica, o foco deverá passar para as pessoas, para as suas preocupações ou para a sua crescente consciência ambiental.  
 

AI em alta  

O tema da Inteligência Artificial e da aprendizagem automática foi presença constante em praticamente tudo o que se viu e ouviu durante o Web Summit 2019.

Diria mesmo que parece que quase fica mal apresentar um novo produto ou projeto que não tenha pelo meio algum tipo de aplicação de Inteligência Artificial. Em boa verdade, nem sempre com a devida sustentabilidade no discurso. Porém, ainda assim, foi possível perceber o claro investimento, sobretudo de grandes marcas como a AWS, Microsoft ou a IBM, neste campo.

Estas marcas parecem estar a apostar na "plataformização” - se assim se pode dizer - da AI e do ML (Machine Learning). No entanto, o que parece ser menos evidente são os problemas que se pretendem efetivamente resolver usando estas ferramentas.
 
Assim, continuamos a ouvir falar de exemplos amplamente divulgados como "veículos autónomos”, como o reconhecimento de imagens ou a pesquisa por imagem.
Contudo, parece-me que falta dar o passo ou os passos necessários para tornar estas tecnologias mainstream, de forma a que a sua aplicação seja muito mais evidente para o consumidor.
 
O que também se ouviu muito foi que tudo isto ainda está numa fase muito prematura, tendo um imenso potencial de evolução. Talvez seja por isso que aplicações práticas e transversais ainda não tenham surgido, de forma evidente e com verdadeira utilidade, para o público em geral.
 

Blockchain

Muitos dos discursos da Web Summit 2019 refletiram, de facto, as tendências que ditam o desenvolvimento tecnológico atual. No entanto, é precisamente pela falta de aplicabilidade de uma tecnologia que, por mais "sexy” que esta pudesse ter soado em determinado momento, não foi tema de conversa em palestras e apresentações, principalmente nesta edição da maior conferência tecnológica da Europa. 
 
Falo, neste caso, do Blockchain, essa tecnologia que ia mudar o mundo, conforme anunciado após o advento das criptomoedas, mas que nada tem feito surgir desde então.
 

Networking

Para além das conferências, a Web Summit 2019 viveu, uma vez mais, da exposição das Startups presentes e dos contactos que se geram entre elas e os visitantes, principalmente com os investidores.
 
Nesta edição estiveram presentes 2150 startups de todo o mundo e mais de 1200 investidores em Tecnologias de Informação. Conforme o grau de maturidade do projeto, estas estavam classificadas em vários níveis: "ALPHA, BETA, and GROWTH”.
 
Segundo fonte oficial da Web Summit 2019, o top 5 de indústrias mais representadas, foram:

• Advertising, content & marketing

• AI & machine learning

• Ecommerce & retail

• Enterprise software solutions

• Fintech

Seja pelo contacto direto com alguns destes projetos, assistindo a apresentações nos expositores ou a pitchs, o visitante do Web Summit 2019 conseguiu ficar com uma perceção daquilo que está a surgir em diversas áreas do desenvolvimento tecnológico. Em boa verdade, foi possível encontrar um pouco de tudo, desde projetos consolidados e assentes em modelos de negócios sustentados, a projetos em fases muito embrionárias onde se pretende vender pouco mais que uma ideia.

Com tanta oferta, entre oradores, startups, pitchs ou simplesmente contatos diretos, fica a ideia que precisaríamos de um comando que permitisse parar o tempo para conseguir andar para trás e para a frente de forma a retirar o máximo proveito de um evento deste nível. A realidade é que nem sempre aquilo que antecipamos sobre determinada palestra corresponde às expectativas e, idealmente, devemos trocar experiências de maneira a alargar a nossa perspetiva e os nossos horizontes.
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